Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Descrição de chapéu atletismo

Eliud Kipchoge vai a Paris-2024: não deixe de vê-lo, pode ser a última vez

Lenda da maratona tenta tricampeonato olímpico às vésperas de fazer 40 anos

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Guarde esta data: 10 de agosto de 2024. Dia da maratona olímpica masculina em Paris. O evento é sempre um ponto alto dos Jogos, mas há um motivo a mais: pode ser a última vez que veremos a lenda Eliud Kipchoge em altíssimo nível.

O anúncio da equipe de maratona do Quênia para os Jogos Olímpicos era esperado há meses. Uma lista provisória saiu em dezembro, outra reduzida em abril e, a final, nesta semana.

E que timaço. Além de Kipchoge, tem Alexander Munyao –vencedor da maratona de Londres, em abril– e Benson Kipruto, que levou a de Tóquio, em março. Ambos estreantes em Jogos Olímpicos.

A campeã de Londres Peres Jepchirchir vai defender seu ouro olímpico na prova feminina, em 11 de agosto. Juntam-se a ela a ex-recordista mundial e vice-campeã olímpica Brigid Kosgei e Hellen Obiri, vencedora da maratona de Boston.

Uma ausência triste é a do também queniano Kelvin Kiptum, morto em um acidente de carro em sua terra natal em fevereiro, e que seria um dos favoritos ao ouro.

Kelvin Kiptum ao vencer a maratona de Londres em 2023 - Justion Tallis - 23.abr.23/AFP

Apesar de tantas feras na equipe, o foco é em Kipchoge, bicampeão olímpico e ex-recordista mundial. Considerado por muitos o melhor de todos os tempos. Já ganhou 16 maratonas.

Kipchoge é único. Só ele venceu Berlim cinco vezes, duas fazendo a melhor marca do planeta. Apenas ele correu a distância da maratona em menos de duas horas, em 1h59h40, em um evento feito especialmente para a quebra do recorde. Em uma prova oficial, só Kiptum havia corrido mais rápido, em 2h00min35, em Chicago.

Seria muito difícil Kipchoge ficar de fora da equipe olímpica. Com carisma, talento e humildade, transcendeu o esporte e é uma grande referência. O cara que colocou a maratona entre os eventos mais emocionantes do planeta. Tive o privilégio de entrevistá-lo ao cobrir as maratonas de Berlim e Londres para o Sportv. A voz calma e o amor com que fala de corrida são extremamente inspiradores.

Eliud Kipchoge na maratona de Berlim, em setembro de 2023 - Tobias Schwarz - 24.set.23/AFP

Mas a verdade é que ele chega a Paris sob pressão depois de um improvável décimo lugar na maratona de Tóquio este ano, pior resultado da carreira. "Nem todo dia é Natal. No esporte há dias bons e dias ruins. Infelizmente, foi um dia ruim para mim", se limitou a dizer.

Em novembro, ele faz 40 anos. Dificilmente disputará outra maratona em 2024. Diferentemente de futebol ou vôlei, em que vemos os atletas toda semana em ação, na maratona a avaliação é mais difícil, já que a elite corre por volta de duas provas por ano. Tóquio foi só um dia ruim ou seu reinado chegou ao fim?

Kenenisa Bekele, 41 anos, ainda compete em alto nível, mas o etíope está mais para exceção do que para regra. Ainda mais nesse celeiro de talentos que são Quênia e Etiópia, em que todos querem ser o próximo grande astro da maratona.

A queniana Peres Jepchirchir cruza a linha de chegada e vence a maratona de Londres de 2024 - Justin Tallis - 21.abr.24/AFP

Um belo incentivo para Kipchoge em Paris é a chance de se tornar o único a conquistar o tricampeonato olímpico na maratona.

Uma de suas famosas frases é: "No human is limited" –nenhum ser humano tem limites. A triste verdade é que até ele, que parece sobre-humano, tem. Nem os grandes têm performances perfeitas para sempre.

"Se você conseguir me convencer de que, quando eu cruzar a linha de chegada, o mundo inteiro terá se tornado um mundo de corredores, me aposento", disse, com outra frase de efeito, ao ser perguntado sobre aposentadoria, há alguns dias.

Portanto, aproveite a chance de ver esse fenômeno nas pistas. Nunca se sabe quando vai ser a última vez.

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